As desconfianças em relação às ações da Telebrás, inflacionadas por declarações do governo sobre o plano de banda larga, abriram os olhos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para um problema sério. Papéis de empresas praticamente falidas ou em processo de recuperação judicial vêm sendo negociados a peso de ouro nos pregões da Bovespa, num movimento especulativo que tem resultado em prejuízos a pequenos investidores.

Em uma operação para tentar barrar as manipulações, a CVM abriu 26 investigações para apurar movimentos atípicos. Outros dez processos foram concluídos entre janeiro e fevereiro, dos quais, em dois, a autarquia constatou irregularidades e abriu inquéritos administrativos. A Bovespa, por sua vez, tem cinco processos em andamento.

O caso mais espantoso é o da Cobrasma, uma fabricante de vagões de trens que quebrou nos anos 1990. Segundo os demonstrativos financeiros do primeiro semestre de 2009, a empresa estava com patrimônio líquido negativo de mais de R$ 3 milhões. Os papéis da Cobrasma, no entanto, ainda circulam pela Bovespa. Entre os dias 3 e 18 de fevereiro desse ano, foram realizados 2.120 negócios apenas com as ações preferenciais, que movimentaram R$ 16,6 milhões.

“Não sei o que está acontecendo”, diz Luiz Eulálio Vidigal, diretor de Relações com Investidores da Cobrasma. “As nossas atividades estão encerradas desde 1997, em função de sérias dificuldades financeiras”.

A Café Solúvel Brasília é outra que tem impressionado pelo desempenho de suas ações. Mesmo tendo sido acionada duas vezes pela CVM e pela Bovespa por conta dos movimentos atípicos, as ações da empresa subiram 50,4% no último mês. Para se ter uma ideia, os papéis da mineradora Vale alcançaram um retorno de apenas 8,4% no mesmo período.

Gustavo Gantois, iG Brasília | 29/03/2010 12:29

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