Estudo do Sebrae mostra que as oportunidades de carreira começam nas micro e pequenas organizações

Ao contrário do que pensa a maioria esmagadora dos jovens em início de carreira, as melhores oportunidades de aprendizado e desenvolvimento profissional não estão nas grandes corporações nacionais e multinacionais, mas nas micro e pequenas empresas.

Segundo o Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa (MPEs) feito pelo Sebrae, em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os pequenos negócios, com faturamento de até R$ 3,6 milhões por ano, foram os responsáveis pela contratação formal de 52% da mão de obra no país entre 2000 e 2011. No Paraná, no mesmo período, elas geraram 550 mil vagas.

Para o diretor-superintendente do Sebrae Paraná, Allan Marcelo de Campos Costa, além de serem menos sensíveis às crises internacionais, as MPEs também são as grandes geradoras do primeiro emprego. “Para os jovens que saem da faculdade para o mercado, sem qualquer experiência, elas oferecem oportunidade de desenvolvimento rápido, além de um ambiente mais desafiador para aprender e empreender”, afirma Costa.

Enquanto nas grandes corporações os funcionários atuam em funções pré-determinadas e passam os dias dedicados à mesma atividade, nas MPEs essa segmentação de funções não existe, o que oportuniza o exercício de uma série de atividades e uma visão mais abrangente e sistêmica da empresa. Coincidentemente, hoje, as grandes empresas valorizam muito os profissionais com esse perfil mais generalista para cargos de liderança.

“Muita gente perde meses ou anos tentando vaga em uma grande companhia, quando poderia estar adquirindo bagagem e experiência em uma empresa de menor porte”, defende o consultor em gestão de pessoas, Eduardo Ferraz. Segundo ele, a fama das grandes empresas esconde um sistema engessado e burocrático, onde o profissional leva anos para ser promovido, afinal, a fila é grande. Nas MPEs, ele destaca o ambiente mais saudável, a política do olho no olho, o contato com o chefe e as decisões mais rápidas.

Embora ainda haja uma diferença salarial entre grandes e pequenas empresas, as MPEs se destacam quando o assunto é o aprendizado e o reconhecimento. Com orçamento apertado e dificuldades para pagar bônus e benefícios, muitas chegam a oferecer participação societária como estratégia para reter o talento.

MPEs são fontes de talentos e empreendedores

O consultor em gestão de pessoas Eduardo Ferraz trabalha com recrutamento e diz que 80% dos profissionais das grandes corporações vêm das MPEs, que oferecem as condições ideais para quem está começando a carreira. Como exemplo de situações comuns no mercado de trabalho, ele cita casos de trainees que passaram em processos de seleção extremamente concorridos de grandes companhias, com bons salários, mas acabaram abandonando o programa por falta de liberdade para aprender e contribuir. “Geralmente essas empresas fazem milhões de exigências, como fluência no segundo idioma, capacidade de relacionamento, mas colocam o candidato para fazer trabalhos burocráticos e acabam minando o desenvolvimento desse profissional”.

Para o diretor-superintendente do Sebrae Paraná, Allan Marcelo de Campos Costa, está em curso uma mudança de cultura. “Ano a ano, a quantidade de pessoas que sonha em fazer carreira em grande empresa tem diminuído significativamente. Por outro lado, as pessoas que querem ter seu negócio próprio vêm aumentando”, diz Costa. Segundo economistas, essa é uma boa notícia para o Brasil, já que as perspectivas de crescimento do país passam pelo desenvolvimento de uma postura mais empreendedora no mercado de trabalho.
Publicado em 13/03/2013
Fonte: Site Gazeta do Povo

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