Testar produtos e serviços para corrigir possíveis falhas é essencial para um negócio. Criar protótipos e simular sua aceitação é tão importante quanto fazer um estudo do mercado antes de abrir uma empresa ou lançar novidades. Isso pode evitar prejuízos e desperdício em ações erradas.

Essa percepção é uma das principais lições do Marshmallow Challenge, ou Desafio do Marshmallow, em português, que foi realizado na semana passada numa aula da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas).

Trata-se de uma atividade simples aplicada no mundo todo para profissionais de diversas áreas e até para crianças: construir uma torre de espaguete com um marshmallow na ponta em 18 minutos. O erro principal é só testar a construção no final, deixando para colocar o marshmallow depois de erquida a torre de espaguete. Universitários e jovens executivos fazem isso e geralmente perdem, na comparação com crianças do jardim da infância, que tendem a fazer e experimentar na hora.

Ao realizar a tarefa, fica evidente a importância de se testarem várias possibilidades e encontrar o melhor caminho para atingir o objetivo. Com materiais limitados – 20 espaguetes crus, um rolo de fita adesiva, um rolo de barbante, uma tesoura e um marshmallow – os participantes têm de criar a estrutura mais alta que sustente o doce no topo.

Samy Dana, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), pós-doutor em Negócios e blogueiro do UOL, diz que as pessoas que têm mais sucesso no desafio são as que entendem que é possível planejar, testar e replanejar. “É necessário avaliar os processos de planejamento, execução e objetivo. Muitos perdem até 90% do tempo no planejamento e esquecem o objetivo”, declara.

Segundo o professor, o maior erro de quem participa do desafio é acreditar que o doce é leve. “O marshmallow é leve, mas é mais pesado do que as pessoas acham. Elas criam as estruturas e quando colocam o marshmallow, ela cai. O principal equívoco é pensar numa estrutura e só testá-la no final”, afirma.

O desafio mostra que apenas se municiar com informações sobre o mercado e o seu segmento de atuação não é suficiente para o sucesso de uma empresa, pois também é necessário saber aplicar o conhecimento.

“O estudo combinado com criatividade, com tentativa e erro, protótipo e reavaliação pode ser grande um grande ganho na hora de começar um negócio, um produto ou uma área nova na empresa”, afirma Dana.

Desempenho dos participantes varia com a formação e a idade

Na comparação entre o desempenho de profissionais de diversas áreas e de crianças da educação infantil, os pequenos, curiosamente, alcançam os melhores resultados, perdendo apenas para os profissionais de arquitetura e engenharia, que sabem sobre como montar estruturas.

“As crianças se saem melhor porque têm a questão da tentativa e erro mais incorporada. Os executivos têm vergonha de tentar, ficam pensando e pensando e, no final, a torre desaba. É importante ver essa relação entre projetar algo, testar e reprojetar ”, afirma Dana.

O desafio foi aplicado aos alunos da disciplina de criatividade, que reúne estudantes de direito, economia e administração da FGV. Como era esperado, a maioria das estruturas despencou. Nem mesmo quem já conhecia o desafio conseguiu se sair bem. É o caso do aluno Rafael de Moraes, que diz que cometeu o mesmo erro da primeira vez. “Não segui o processo de tentativa e erro e deixei o marshmallow para o final."
Atividade traz outras lições de empreendedorismo

“Exercícios simples como este podem estimular a criatividade e mostrar o quanto nosso instinto nos leva ao fracasso, principalmente quando somos adultos e temos medo de errar”, diz o professor.

Dana faz uma analogia entre os materiais usados no desafio e as ferramentas disponíveis para os empresários no dia a dia da gestão de uma empresa.

“Assim como os materiais são limitados na realização do desafio, e ainda assim muitos alunos nem usaram todos, no mundo dos negócios a complexidade é maior. Primeiro, porque as ferramentas disponíveis não são tão claras e segundo porque muitas pessoas não usam bem as ferramentas que possuem. Saber fazer o melhor uso do que se tem à mão é um ponto fonte”, afirma.
Desafio ajuda na avaliação comportamental

A psicóloga Bárbara Dresch, da Focal Pesquisas de Porto Alegre, diz que o desafio do marshmallow trabalha, principalmente, características comportamentais e pode ajudar os empresários e administradores a verem seus pontos fortes e fracos.

“As equipes que perdem o foco e as que já vão com uma estratégia pré-estabelecida não têm êxito na tarefa. Uma das lições mais importantes é enxergar os erros durante o processo e corrigi-los”, afirma Dresch.

Ela diz que a capacidade de colaboração é outro ponto importante. “As pessoas que conseguem fazer a torre mais alta têm grande capacidade de colaboração e se adaptam facilmente. Os que fracassam, em vez de usar a colaboração a seu favor, ficam disputando poder.”

Segundo a psicológa, o desafio do marshmallow pode ser aplicado nas empresas para avaliar o comportamento das equipes. “O desafio é focado nas conexões, as pessoas têm que se conectar e conectar os espaguetes para criar a torre. Ele incentiva a cultura da colaboração, que vale para o relacionamento entre funcionários e entre parceiros comerciais”, declara.

A limitação de recursos, de tempo e de pessoas é uma realidade dos empreendedores hoje. Para ter sucesso, é necessário se adaptar”, afirma.

Clique aqui e veja o vídeo.

Veja como aplicar a atividade:
[Imagem: Site UOL]
Publicado em 25/07/2012
Fonte: Site UOL Notícias

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