Quando o objetivo é ser fiel às cores dos produtos, é preciso usar uma lâmpada com índice de 50 ou mais para não alterar os tons
Uma simples alteração no projeto de iluminação mudou, no ano passado, a cara da loja de móveis Lafer do shopping Lar Center, em São Paulo.
Antes, alguns produtos ficavam no escuro e não chamavam a atenção de quem transitava pelo shopping, enquanto outros sofriam com o excesso de luminosidade - e ainda por cima com o emprego da lâmpada errada.
"A luz utilizada alterava a cor do tecido dos estofados e os vendedores tinham que ir até o corredor do shopping para mostrar o tom real para o cliente", diz Cristina Ferraz Salles, arquiteta da Lafer.
Com um projeto de R$ 2.300, esses extremos foram eliminados. Além de deixar o ambiente mais agradável, houve a preocupação em adotar lâmpadas com menor consumo de eletricidade e maior durabilidade.
"Nossa loja fica aberta 12 horas por dia. Precisávamos pensar em como otimizar o consumo das lâmpadas", afirma Cristina.
Ela conta que trocava cerca de sete lâmpadas por mês antes da mudança. Hoje, sete meses depois de concluída a reforma, substituiu apenas três lâmpadas.
Os custos diminuíram e as vendas aumentaram. Segundo Cristina, o crescimento das vendas foi de 20% no ano passado.
"Difícil dizer qual é a parcela de contribuição da iluminação, mas tenho certeza de que um ambiente mais agradável visualmente faz com que o cliente permaneça mais tempo na loja e compre mais", diz.
O projeto luminotécnico também foi feito em outras lojas da Lafer, como a de rua, localizada na Teodoro Sampaio, e a do Shopping D&D, um centro de compras para a classe média alta em São Paulo.
Nas duas unidades, públicos distintos. Na loja de rua, uma clientela com menor pode aquisitivo — mas não quer dizer que o projeto de iluminação custe menos (no caso da Teodoro Sampaio, foram R$ 4.200).
Ao determinar a iluminação da loja, as diferenças de consumidores devem ser levadas em conta. "A luz pode fazer uma loja parecer sofisticada demais e afugentar o público-alvo, caso a clientela seja mais popular", afirma o arquiteto Rafael Leão, especializado em projetos luminotécnicos.
Para tornar um ambiente popular mais atraente, uma luz mais clara, forte e uniforme é mais efetiva, pois transmite a impressão de agilidade.
No caso de locais sofisticados, o uso da sombra é muito importante e o ideal é produzir contraste entre os objetos iluminados (mais importantes) e os ofuscados.
Antes de solicitar um projeto de iluminação, é fundamental saber quem é seu cliente e ter em mente o que deve chamar mais atenção na loja.
"Com a luz ideal, podemos direcionar o olhar do consumidor no ponto de venda", diz Leão. Peças mais iluminadas atraem primeiro a atenção do cliente.
Mas, em todos os casos, é preciso criar uma sensação de aconchego. "O conforto visual é a partida para qualquer solução de iluminação", dizem Cláudia Borges Shimabukuro e Letícia Mariotto, sócias do escritório Lit Arquitetura de Iluminação, responsável pelos projetos da Lafer.
Para acertar o ponto
- Hierarquia:
Produtos iluminados são mais visíveis e entendidos como os mais valiosos— enquan to os pontos menos importantes não devem ser destacados
- Sofisticação:
A sombra é muito importante para definir a atmosfera do local. Quanto maior o contraste entre os objetos iluminados e os não iluminados, maior será a impressão de sofisticação do local. Esse tipo de iluminação é indicado para bares, lojas e restaurantes chiques
- Simplificação:
Os ambientes populares podem ser mais estimulantes, uniformes e ter mais luminosidade. A temperatura de cor mais elevada (luzes claras) ajuda a transmitir a impressão de agilidade
- Performance:
A uniformidade da iluminação é interessante em locais onde é preciso ter produtividade. É o caso de caixas, provadores de lojas, cozinhas de restaurantes, academias de ginástica e escritórios.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios - Adriana Monteiro Fonseca
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